pior do que a certeza do óbito, é a angústia da dúvida.

o que precisa ser dito, quando nada pode ser dito? prioritariamente fomos agraciados pela direção arrebatadora de walter salles, que foi respeitoso desde o primeiro instante com a narrativa. além disso, o filme tentava nos incluir naquela família aconchegante, na tentativa de uma proximidade com o público. a atmosfera da obra parece pesada e “vigiada” em muitos momentos, entregando cenários de pura tensão – como se, assim como essas pessoas, estivéssemos supervisionados e submetidos a um sistema opressor e punitivo. 

na minha sessão haviam muitas pessoas idosas, o que de modo geral me deixou muito satisfeita. é lindo que o cinema do nosso país toque tantas almas ao ponto de lotar as salas de cinema – algo que honestamente não vejo há um bom tempo. fotografia impecável e de uma edição absurda! ainda estou aqui foi feito principalmente para as gerações que sofreram e ainda sofrem com as marcas deixadas pela ditadura militar. é também para aqueles que se foram e demoraram de ser encontrados – ou estiveram perdidos (corpo) pra sempre. 

“quando foi que você enterrou ele?” a dor do luto é uma para cada um. o luto transcende o físico e o tempo cronológico das coisas. o olhar silencioso, mas tão potente da fernanda montenegro vai me assombrar pelo resto da vida. quantas emoções, meu brasil!